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segunda-feira, 19 de março de 2012

A importância da noite em uma festa trance !!


A Smile Records compartilha hoje um texto e um conjunto de ideias de pessoas com uma visão diferenciada da cena eletrônica, vale a pena ler o texto até o final !!!!

Texto por Thomas Goebel Praça!

O ritual de uma noite inteira dançando é uma memória que corre profundamente dentro de nós todos.
Uma memória que nos traz de volta a um tempo em que respeitávamos a grande Mãe Natureza e a todos os demais.

Fazíamos nossos rituais ao redor de fogueiras, dançando com o intuito de canalizar as energias cósmicas até nós, de ficarmos mais próximos de nossos deuses ou apenas celebrar uma boa caçada.

Nesses tempos o Xamã era nosso guia através de outras realidades. Ele induzia as pessoas ao transe através de poções mágicas a base de ervas em ação conjunta com a música tocada por tambores, flautas, didjeridoos ou vozes, de acordo com a cultura de cada povo.

Mas com o surgimento de decretos durante a Idade Média, esses rituais pagãos foram reprimidos em diversas localidades do planeta pela mão da igreja católica, ressurgindo muitos séculos depois em nossa cultura ocidental através de diversas vertentes, entre elas a das festas TECNO-TRIBAIS em Goa na Índia, nascendo então o GOA TRANCE e as FESTAS TRANCE.

A festa TRANCE é como uma jornada XAMÃNICA em que o DJ (Xamã) conduz o público até o EXTASE DO TRANSE PSICODÉLICO, guiando todos através de atmosferas e realidades criadas por sua musica.

Um guia que te leva através da noite, através da escuridão e do infinito, atingindo as áreas mais obscuras do subconsciente humano, escolhendo músicas que tem como objetivo ir além.

Existem momentos em que expor a agressividade através da musica e da dança faz parte de todo o processo e após a agressividade, momentos de contemplação surgem com o nascer de um novo dia, momento de realmente celebrar.

Sem esse processo completo, de uma jornada interior através da noite, o amanhecer e a festa perdem seu sentido de existência.

A noite começa lentamente nos CHAISHOPS, encontrando amigos, preparando-se para mais uma jornada através da musica. É quando os DJs começam a construir a longa história de uma festa, tocando musicas mais lentas e crescendo lentamente até as 3 ou 4 da manhã, o momento de pico, a preparação para a explosão do amanhecer.

Durante a noite o que se vê são as roupas fluorescentes das pessoas e uma decoração fluor feita para criar efeitos especiais a noite, sob luz negra. Assim que a escuridão da lugar á luz do dia, começamos a focar nossa atenção nas faces, reconhecendo pessoas no qual estivemos dançando a noite toda ao lado.

É quando os sorrisos começam a ser trocados, espalhando-se pelo DANCEFLOOR até o momento em que o Sol se levanta e todos estão contagiados pela mesma energia.

Mas para sentir todo esse processo do amanhecer, é preciso vivenciar a jornada através da noite, conhecer ambos os lados, vivenciar o processo desde o início. Como um filme, você deve assistir desde o começo.

O filósofo taoísta Lao Tse, que viveu na China a mais de 2500 anos descreve em um de seus versos do livro Tao Te Ching, o processo de vivenciar a dualidade para compreender o todo.

SÍNTESE DAS ANTÍTESES

Só temos consciência do belo,
Quando conhecemos o feio.
Só temos consciência do bom,
Quando conhecemos o mau.
Porquanto o Ser e o Existir,
Se engendram mutuamente.
O fácil e o difícil se completam.
O grande e o pequeno são complementares.
O alto e o baixo formam um todo.
O som e o silencio formam a harmonia.
O passado e o futuro geram o tempo.
Eis porque o sábio age.
Pelo não-agir.
E ensina sem falar.
Aceita tudo o que lhe acontece.
Produz tudo e não fica com nada.
O sábio tudo realiza - e não se apega a sua obra.
Não se prende aos frutos de sua atividade.
Termina a sua obra,
E esta sempre no princípio.
E por isto a sua obra prospera.

Portanto, para vivenciarmos completamente a grandiosa experiência de uma boa festa TRANCE é estritamente necessário conhecer ambas as partes (a noite e o dia) que trarão a compreensão do todo (a festa TRANCE) e assim voltarmos para casa completamente satisfeitos e renovados, prontos para a próxima!

Resumindo em poucas palavras... de noite é quando você pode dançar como louco sem parar, surtar e fazer caretas na pista ou simplesmente fechar os olhos e delirar em suas visões. É o momento de libertar seus monstros através da dança, pirar na decoração, sair da realidade...enfim; Dançar como se ninguém mais existisse no mundo para ficar te olhando e fazendo comentários idiotas.

Quem é das antigas sabe do que estou falando, o início de Trancoso...pista bombamdo às 2 da manhã, malabares, fogueira, Lua cheia, chillum e muito mais...como as boas festas de Goa; na praia esperando o Sol nascer!!!

As primeiras festas de São Paulo tinham essa cara tribal! Era somente 'party for fun' e nada mais. Hoje as festas viraram mais uma balada como qualquer outra. Já tem (des)organizador querendo fazer festa sem decoração e em baixo de uma tenda aglomerada de gente! EU PERGUNTO: 'Porque vocês não vão fazer sua festa em um clube como qualquer outro em vez de sugerir coisas tão idiotas??'

Convido as pessoas que leram esse texto (principalmente os organizadores de primeira viagem) a refletir mais sobre o Trance e o futuro dele no Brasil pois se não fizermos algo concreto, teremos em pouco tempo o TRANCE DO TIGRÃO e o fim trágico de algo maravilhoso...as festas de PSYCHEDELIC TRANCE !!!

Resistência psicodélica !!!!!





Créditos:
Texto de Thomas Goebel Praça
Música sugerida por Inê Montagnana: Luminus - Luminous Angel
Ideia de Debora Carvalho
Fotos de: Murilo Ganesh, Lauro Medeiros, Silvio Sato, Debora Carvalho, André Lima, Cuca, Richard Silva, Virginia Biondi, Rodrigo Favera, Kleber Fernandes
Festas / Festivais: Shiva Trance, Earthdance, Xyryry Kuaray, 303 Art Festival, Mystic Tribe, Festival Mundo de Óz, Respect, Universo Paralello, Freak Carnival, Renova
Montagem: Virginia Biondi

terça-feira, 25 de outubro de 2011

[Cultural] - História do Goa Trance



HISTÓRIA DO GOA TRANCE: A Índia sempre foi um país de múltiplas facetas. Nesta terra singular situa-se Goa, na costa oeste, a aproximadamente 600 km ao sul de Bombay. Goa é um Estado e não uma ilha, como muitos pensam, e foi uma colônia portuguesa até 1962. Devido a isso, Goa tem até hoje uma forte influência cristã e difere das outras áreas da Índia em relação à liberdade, tolerância religiosa e diversidade cultural. Por causa do seu clima – média anual entre 20C e 34C -, suas praias quase desertas e sua cultura desprendida em relação ao dinheiro, em contraste com nossa civilização ocidental, Goa tornou-se um ponto de encontro internacional de “new agers”, místicos, anarquistas, filósofos, e pessoas interessadas em espiritualismo. Os moradores locais eram amigáveis e receptivos aos visitantes. Todos procuram em Goa o lado intenso e bonito da vida. E é claro que a música não poderia faltar nesse cenário. No início, as festas nas praias eram tomadas pelo rock psicodélico e pelo reggae. Estas festas se tornavam cada vez mais populares. Decorações feitas de cores fluorecentes e a mitologia indiana tornaram-se parte da vida de Goa. Entre 1987 e 1988 um DJ francês chamado Laurent teve a idéia de tocar música eletrônica nessas festas. No início ele teve muita oposição, mas com o tempo a faísca pegou fogo e a música eletrônica passou a ser parte da cena de Goa. Outras pessoas perceberam o imenso potencial desse tipo de música tocado em raves na praia. O DJ Goa Gill foi da Cailfórnia até Goa e eventualmente se tornou o maior protagonista da música eletrônica em Goa, mantendo esse título até hoje. Ele criou a conexão entre batidas eletrônicas, espiritualidade, yoga e música com o seu conceito de “redefinir o antigo ritual tribal para o século XXI”, guiando o público através do trance a um estado de consciência mais elevado. O TRANCE NO BRASIL: No Brasil o Trance chegou um pouco mais tarde, no começo dos anos 90, já carregando toda cultura criada em Goa, desembarcou em Trancoso e Arraial D’juda na Bahia, diversas festas foram feitas e rapidamente espalhou-se em todo território nacional. O início da explosão ocorreu entre 1999 e 2000, e no embalo dessa onda, surgiram varias novas festas, com novos conceitos o público passou a ser enorme, e a cultura de GOA já não era mais tão presente, diversos motivos levaram as festas a se diversificar, a essência foi se alterando, perdendo as principais características e assim criando uma nova concepção de festas de musica eletrônica. As mudanças foram tantas que chegaram a gerar conflitos de idéias e interesses entre os antigos freqüentadores, que buscavam nas festas Trance não só a diversidade musical, mais um local onde se vive um paralelo ao sistema global, um lugar onde se expressa a arte, o amor e a liberdade. Nos últimos anos o que tem acontecido é que temos muitas festas diferentes, cada uma seguindo um estilo que agrade mais o seu público. E o Trance, morreu? Não! Ele apenas se retraiu, retornando a seu habitat natural, o underground, e inspirados por esta história de total amor com a cultura alternativa, inicia-se no Paraná mais uma festa Trance, com o intuito de preservar a cultura e resgatar os verdadeiros motivos de um encontro como esse.

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